Arquivo de agosto, 2011

Tragam suas cascas de laranja!

Publicado: agosto 20, 2011 em Uncategorized

Reabro este espaço para refletir sobre um tema que me assolou durante essa última semana. Acho justo contar a história desde o início para vocês acompanharem a linha de raciocínio desde o princípio. Primeiramente, vi um post do blog Ortodoxo Moderno, questionando e criticando a postura de um colunista do periódico “Agora” de São Paulo. Na publicação, o jornalista Adriano Pessini condenava torcidas de brasileiros que se organizam e torcem por times internacionais. A crítica sobre a coluna foi feita por Márcio Donizete, e ao meu ver, conseguiu rebater a altura, expôs sua opinião com clareza, ao ponto de me fazer concordar com o que tinha sido dito. Leia a postagem inteira AQUI.

Achei sadio um blog rebater uma publicação de um grande jornal brasileiro e como concordei com o que foi dito, não deixei de tecer o meu próprio comentário na postagem:

A resposta pra esse Adriano é simples. Será que ele não sabe que o Brasil foi CINCO vezes campeão mundial???? E será que ele também não sabe que todas essas cinco vezes, 99% da população brasileira assistiu pela TV???

Se ele se encaixa nesses 99%, ou pelo menos já presenciou algum brasileiro torcendo após vencer uma Copa do Mundo, digo pra ele que o sentimento do torcedor de time estrangeiro comemora da mesma forma.

Eu, por exemplo, torço FERVOROZAMENTE pelo Lyon da França. Sou dono do único blog brasileiro do time e falo, sem problemas, que ultimamente ele vem me dando mais alegrias que o meu time aqui do Brasil. Assisto todos os jogos, e pra conhecimento do Sr. Adriano, ultimamente não existem apenas TVs em HD, mas também a INTERNET, que tem um alcance MUITO maior que uma simples caixa de tubos. Se eu quiser ver a segunda divisão da Finlândia, eu consigo. Se eu quiser ver um amistoso da Seleção da Ilha de Páscoa, na beira da praia, com os famosos tótens ao fundo, eu também consigo… e JÁ VI!.

Portanto, Adriano, sua coluna foi absolutamente infeliz. Você não tem conhecimento de causa pra palpitar dessa forma. Tenho absoluta certeza que você, sequer, conhece essa torcida do Arsenal que foi citada. Dessa forma, proponho um desafio. Uma tarefa antropológica. Passe uma semana acompanhando essa torcida. Mas esqueça o jogo. Observe as reações. Se você notar alguma coisa de diferente dos famosos torcedores de radinho, que encontramos aos montes no Brasil, eu retiro tudo que disse nesse comentário.

Publiquei de maneira despretensiosa.  A ideia não era levar o assunto adiante. Entretanto, pouco tempo depois, recebi o apoio do próprio autor do post e de alguns que visitaram a postagem, concordando com a minha opinião. Fiquei satisfeito pela pequena repercussão, e não achei que passaria daquilo ali.

Eis que, no dia seguinte, os mesmos que me elogiaram, me mostraram uma postagem em outro blog. O Forza Palestra atacou, AQUI, de maneira preconceituosa, a postagem do Ortodoxo Moderno e fez acusações embasadas no vazio, ou então no juízo de valor formado pelo nicho em que ele vive. Fiquei incomodado com aquilo e publiquei a seguinte postagem no Twitter, em protesto:

A crítica foi fundamentada em uma analogia do futebol antigo. Na época citada, os torcedores que não se conformavam com pensamentos opostos ao seus, arremessavam ao gramado, de maneira inconsequente, qualquer objeto que havia ao seu alcance. Frutas, como as laranjas, eram algo bastante comum nos estádios de futebol, e como só sobram as cascas e os bagaços, não havia hesitação na tentativa de agredir ao árbitro ou adversários.

Não demorou para que o próprio Forza Palestra me rebatesse no Twitter. O que desencadeou uma conversa que perdurou por grande parte daquele dia. Segue abaixo a primeira parte da conversa:

Não precisa fazer muito esforço para reparar que logo na segunda postagem dele, já fui atacado de maneira irresponsável por uma pessoa que prega o “bom jornalismo” a todo momento. Perdeu-se ali um dos princípios básicos, que se aprende ainda no primeiro período da faculdade de Jornalismo: saber ouvir.

Na terceira postagem ele já me atinge, fazendo comparações absurdas, e me tratando de uma maneira generalizada, como se eu já fosse um velho conhecido, que não tinha os mesmos pensamentos dele. Por fim, formei a minha opinião sobre o impulsivo perfil que me agredia: ele realmente parece ter inveja dos adolescentes de hoje em dia, que possuem um vídeo-game em casa, e conseguem preencher seus horários de ócio com algum entretenimento. Não que isso seja alguma vantagem, mas nitidamente ele deixa transparecer que tem algum problema com esse tipo de situação. Talvez um trauma de infância, quem sabe (?).

Depois de algum tempo, quando se viu desarmado e, incontestavelmente, sem argumentos, decidiu usar um artifício medroso. Recortou um pedaço, ao léu, da nossa conversa (mais um exemplo de mau jornalismo), e publicou no seu perfil. Indiretamente ele fazia um convite aos seus mais de 2 mil seguidores para me atacarem, sem ao menos o pessoal saber do que se tratava.

Obviamente, alguns mancebos e fantoches manipulados apareceram para concordar com o “dono da verdade”.  A partir de então tive um diálogo (se é que podemos chamar assim) com mais três pessoas que compactuam com a mesma opinião do Forza Palestra. As conversas estão printadas abaixo. Na íntegra (diferentemente do que ele faz), e fica perceptível quem é que realmente tem, e quem não tem, argumentos.

Quando realmente achei que poderia conversar, o tão soberbo argumento dos ditos “torcedores de verdade” se baseia apenas em rodar a catraca do estádio. O ato de ir para as arquibancadas, na visão deles, o tornam torcedores, e os demais não. Volto ao comentário que fiz no Ortodoxo Moderno. Buscarei apenas o primeiro parágrafo para refrescar a memória:

(…) Será que ele não sabe que o Brasil foi CINCO vezes campeão mundial???? E será que ele também não sabe que todas essas cinco vezes, 99% da população brasileira assistiu pela TV???

Reforço que sou torcedor do Lyon da França SIM! Comemoro e vibro em casa, vendo pelo sofá, SIM! Mas me diga, com provas cabais, o que tornam eles mais torcedores do que eu? Será que vou precisar assistir aos jogos pela TV com um saco de laranja ao lado do meu sofá? E meu cachorro? Onde ficará posicionado? Vou precisar reestruturar o espaço físico da minha sala para me adequar ao modelo antigo e tacanho de ver futebol.

Em seguida, foi a vez de um outro torcedor rebater a minha opinião. Mais um influenciado pela chibatada do capataz-mor que ditou a minha linchada por debaixo dos panos.

Meus amigos, por favor, peço a opinião de forma sincera. Quem são os alienados nesse caso? Se eu realmente estiver errado em tudo isso, me avisem. Não é possível que eu seja a conspiração do universo. Será que realmente faço parte de uma corja que está assolando o futebol brasileiro? Estou acabando com a paixão? Será que a geração “Winning Eleven”, tão condenada pelos palestrinos vai rasgar, por osmose, as obras de Nelson Rodrigues? O mais cômico é ver que essa xenofobia vem de parte de torcedores de um time que já teve Itália em seu nome. Será que já houve esse tipo de reflexão por parte deles? Mas enfim, não vou entrar em detalhes, até mesmo para não fugir do ideal.

Por último, tive um bate-papo com o último torcedor que condenava o meu modo de ser (nesse caso, não é nem modo de torcer, afinal de contas, para eles, não sou considerado um torcedor). Esse, ao menos, soube ter uma conversa de gente grande. Não me rebateu com agressões, mas no final também ficou desarmado. Veja:

… e não obtive resposta até então. Resumindo? Existem pessoas com pensamentos minimalistas. Parecem defender a sua causa de uma forma narcisista, porém infundada. É um misto de medo com pseudo-orgulho. Medo de ver a sociedade inteira torcendo para times de fora – o que seria impossível –. E pseudo-orgulho de defender uma ideia baseada apenas em achismos. Uma causa sem fundamento prático. Sem provas.

Deixo o espaço aberto para debatermos sobre o assunto. Realmente fiquei espantado. Não sabia que existia essa espécie de xenofobia-brasileirinha de torcidas por aqui. Discordando disso, ou não, acho um assunto amplo. Dá para haver um debate interessante sobre o tema, desde que seja com pessoas que realmente tenham argumentos (válidos) e que saibam conversar de maneira civilizada, como foi o exemplo do torcedor do último print.

Já aviso de antemão que não aceitarei comentários com xingamentos nesse post. Quem quiser postar aqui seja, no mínimo, educado.  É o principal fundamento para qualquer conversa de gente que recebeu educação. Não me venham ser arruaceiros de estádios. Mas se quiserem trazer suas laranjas, o espaço está aberto. Só não arremessem no juiz, adversários ou em mim.